domingo, 17 de outubro de 2010

No dia 26 de setembro foi publicado uma reportagem falando sobre o castigo e as palmadas. Fui entrevistada pelo Jornal A Tribuna de Vitória - ES
Vale muito ler a reportagem!

ENTREVISTA DEBORA CORIGLIANO
Castigo não é fazer criança sofrer
A psicopedagoga Debora Corigliano,especialista em Educação
Infantil, autora do livro “Orientando Pais, Educando Filhos” e criadora
do Projeto Pais e Filhos, em que trabalha com orientação em escolas e empresas, diz que é contra palmadas e que os pais devem evitar chegar ao ponto de usarem esse artifício.
A TRIBUNA - Com a discussão da lei que ficou conhecida como
“Lei da Palmada”, como a senhora acredita que os pais devem agir para impor limites?
DEBORA CORIGLIANO - O assunto é polêmico, mas, pessoalmente, sou contra bater nos filhos,mesmo que seja aquela palmada que chamam de educativa. Há várias maneiras de orientar e educar uma criança sem a violência. O que acontece é que o pai falauma, duas, três vezes, chantageia e depois perde o controle e acaba batendo,
beliscando.
> Qual seria a solução?
O pai não pode deixar chegar a esse ponto, de ter de falar várias vezes. Imagine um elástico, que de um lado tem uma criança estruturada,que sabe qual o seu objetivo, e do outro, um pai desestruturado.
Por exemplo, o filho está assistindo a um desenho e o pai manda tomar banho. Ele não vai. Aí o pai perde a paciência e leva na marra, bate. Já o pai estruturado falaria para que o filho assistisse até dar a propaganda.
Se ele não fosse, com toda calma,desligaria a TV e colocaria para o
banho sem falar nada. Lá pela terceira vez, ele iria sem reclamar.
> Mas dá para se manter semprecalmo?
Existem outras situações, como as de perigo, por exemplo. Vejo que muitos pais, quando a criança sobe em algum lugar, arrancam a criança e dão um tapinha.O certo é descê-lo, ficar na altura dele, segurá-lo e dizer que não gostou do que fez, pois é perigoso. O grande problema é que, quando é para repreender, muitas mães falam
manso: “Olha não pode subir aí, filho”. Ele não vai obedecer.
> Quanto ao castigo, então, o que os pais podem fazer?
Primeiro, temos de entender que o problema de dar um tapinha só é que vai chegar um momento em que o pai tem de dar um tapa mais forte. Depois de um tempo, esse tapa também não adianta
mais e a criança não liga. Ela fica cada vez pior.Sempre oriento que, se vai castigar,punir ou partir para a perda de privilégios, como queira chamar,tem que ser diretamente relacionadoao ato.
> Como assim?
Se o menino não arrumou o quarto, não tem que tirar o computador
ou a televisão. O objetivo do castigo não é fazer a criança sofrer.
Ela tem que aprender com o erro.Se ela não arrumou o quarto,ela pode ter que arrumá-lo por uma semana perfeitamente, por exemplo.
Se está indo mal na escola, pode ter que estudar em casa mais horas
ou ler um livro e depois contar o que aprendeu.
> E quanto às táticas de colocarnos chamados cantinhos?
Com as crianças menores, pode até funcionar, mas no máximo 2 minutos. Ninguém vai ficar pensando no que fez por uma hora e meia. Nem nós, que somos adultos.Não se pode trocar a finalidade do cantinho também. Cama é lugar gostoso para dormir e não deve ser associada ao castigo.
PALAVRA DE ESPECIALISTA
“Não basta só tirar algo que as crianças gostam. Tem de ser algo relacionado ao que fez de errado”
“O problema de dar um tapinha só é que vai chegar um momento em que o pai vai ter de dar um tapa mais forte”

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