domingo, 18 de abril de 2010

Reportagem da Revista Metrópole

Revista Metropole
‘Domar’ com amor
Coisa certa: educadora lança luz sobre as pedras do caminho da criação de filhos sem que os pais precisem recorrer aos exageros dos reality shows
A velha máxima de que criança deveria vir com manual de instruções faz algum sentido, afinal nem todo pai e mãe conta com a assessoria de uma super-mega-babá televisiva com mil titulações e anos de experiência em domar ferinhas. Para a sorte dos que sofrem alguns percalços na tarefa de criar filhos felizes e bem resolvidos (embora não a ponto de se inscreverem em um reality show), há profissionais como a psicopedagoga Debora Corigliano para jogar luz sobre as questões mais delicadas dessa jornada.
Especialista em educação infantil pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Debora é autora do livro Orientando Pais, Educando Filhos (Editora Autores Associados), publicado no ano passado, e integra a equipe do portal Super Nanny (www.supernanny.com.br), com conteúdo sobre o universo infantil (e nenhuma relação com o programa de tevê homônimo). Também atua como conselheira educacional em escolas e presta atendimento domiciliar pelo projeto Pais e Filhos, criado por ela.
Metrópole - Criar um filho é algo extremamente complicado mesmo?
Debora Corigliano - Educar um filho é um ato de amor, com erros, acertos e muita intenção de que tudo dê certo. Complicamos quando ultrapassamos nossos limites, querendo buscar a todo instante a perfeição. Cobramos-nos e transferimos isso aos nossos filhos, gerando assim as frustrações, as intolerâncias e os grandes erros.

Muitos pais penam com a culpa por trabalhar demais. Aquela coisa do “tempo de qualidade” com os filhos procede?
Sim, é preferível você ficar duas horas por dia com seu filho, dando atenção, carinho e participando um da vida do outro, do que um dia inteiro com brigas, intolerância, cobranças e agressões.

As crianças tendem a disputar umas com as outras. Como ensiná-las a ser cordatas e a se defender sem encorajar agressões?
Os pais não podem estimular o filho a ceder sempre. Se a criança acabou de ganhar um presente de aniversário e o amiguinho quer brincar, a orientação será para que o presenteado brinque primeiro e depois, se quiser, empreste. Já em outra situação, vale investir no ato da troca de brinquedos, no saber esperar (“o próximo a brincar no balanço é você!”), e o mais importante, e também mais difícil, dependendo da idade, o brincar juntos com um único brinquedo. Esse exercício de convivência social só vai ser superado se praticado constantemente. Se a criança é agredida, a orientação é que ela saiba se defender e não revidar. Fale que quando o amigo vier pegar o brinquedo e ela não quiser emprestar, se afaste ou chame o adulto que está supervisionando. Já se seu filho for o agressor, incentive-o a pedir o brinquedo ao invés de arrancar da mão do amigo ou bater.

Como conciliar a educação de filhos com personalidades muito diferentes entre si? Tem que mudar o discurso?
Claro! Os pais devem sempre observar seus filhos nas mais diversas atividades. Saberão que para o tímido vale uma postura mais objetiva e discreta. Já para o agressivo, uma postura firme, porém acolhedora. Uma dica importante: nunca comparem seus filhos, mesmo os gêmeos. Cada criança tem seu tempo.

Defina o que é limite e diga quando e de que forma começar a aplicá-lo.
Em poucas palavras, limite é dizer “sim” com amor e “não” sem temor. Vejo muitos pais pensando que poderão traumatizar os filhos. Mas ao dizer “não”, eles estarão demonstrando amor, respeito, segurança. O limite é necessário para o desenvolvimento de qualquer pessoa. E desde muito cedo a criança precisa de parâmetros bem definidos para que possa crescer saudável e segura.

Vemos em programas de tevê crianças incontroláveis que foram “domadas” por uma profissional, aparentemente em pouco tempo. Como se opera essa “mágica” de transformar pestinhas em anjinhos?
O que realmente acontece é que nossos filhos percebem as brechas que deixamos no processo de educá-los. Eles nos testam e aprendem com facilidade a usar alguns artifícios, como choros e tapas. Uma mudança de atitude dos pais refletirá imediatamente nos filhos. Eu tenho um exemplo prático. Atendi pais que enfrentavam problemas de comportamento do filho de 5 anos e não sabiam mais o que fazer. Semanalmente, nos encontrávamos para que eu os orientasse sobre como lidar com o menino, que eu não conheci. Passados dois meses, o casal estava muito feliz com ele. Eu disse, então, que quem havia passado por mudanças para melhor eram eles, e que suas ações se refletiam no filho. Assim, é possível transformar pais desorientados em pais focados no processo e calmos na ação; com isso, os “pestinhas” viram crianças normais.

Então a culpa por esses comportamentos terríveis é sempre dos pais?
Os jovens pais de hoje não têm um padrão de educação a ser seguido. Não querem educar como foram educados, não querem traumatizar e acabam sendo permissivos demais. Carecem de orientação. Dão opções demais para seus filhos, quando eles precisam de decisões de um adulto para ter como exemplo, para se sentirem seguros.

A adolescência do filho é realmente a fase mais complicada do trabalho de ser pai?
Na primeira infância, plantamos todas as sementes. Até os 7 anos se forma a personalidade. Já na adolescência, colhemos. Isso não nos redime de uma fase conflituosa, que é normal. Mas se iniciamos esse processo numa base familiar sólida, passaremos por ela com mais tranquilidade.

O que a senhora pensa sobre castigos físicos? Qual a melhor forma de punir?
Quando você bate no seu filho por algo errado que ele tenha feito, está ensinando-o a solucionar um problema com a agressão. Por isso, bater não resolve. Há algo que ajuda muito, o famoso “combinado”. Tudo o que combinamos com nossos filhos, podemos cobrar. Por exemplo, antes de entregar a caixa de brinquedos, diga “eu deixo você brincar, bagunçar tudo, mas quando você acabar, terá que recolher, combinado? Caso isso não aconteça, na próxima vez vamos reduzir a quantidade de brinquedos até que você consiga guardá-los”. Lembre-se que a punição, seja para qual idade for, deve sempre ser relacionada ao fato em si. Sujou, deve limpar, e não ficar sem videogame. O significado das regras e dos combinados deve ser claro. Regras são imutáveis: se transgredidas, implicarão em punições. Já os combinados são mutáveis, dependendo da situação.

Como trabalhar a sexualidade infantil?
Sempre a verdade é mais fácil de lidar. Se seu filho pergunta por que ele tem “pipi” e a amiga não, responda que as pessoas possuem muitas diferenças, como cor dos cabelos, peso, altura, e que ele, por ser menino, tem pênis, e a amiga dele, ou a própria mãe, tem vagina. O importante é que as respostas sejam curtas e objetivas.

A pedofilia é uma praga que assusta os pais. Como ensinar as crianças a se defenderem?
O importante é que elas saibam que suas partes íntimas devem ser preservadas, por serem delicadas, e que pessoas estranhas não podem ficar vendo ou colocando a mão, e se caso isso acontecer, é fundamental que ela reporte aos pais. Um dos sinais de que a criança está sofrendo abuso sexual é a mudança de comportamento repentina, principalmente no contato físico, como abraço, carinho, beijo. Se houver constrangimento nessa ação que antes era normal, fique alerta e procure investigar.

8 comentários:

Anônimo disse...

Ai amiga, que orgulho!!!!!!!!!!!! ficamos tão felizes quando vimos a revista, nem tinhamos lido este email aqui que estou respondendo. Ficamos muito orgulhosos mesmo e muito felizes!!!! A cocole amou te ver na revista.kkkkk...
É muito bom e importante fazer parte da vida de um AMIGO quando as coisas não estão bem, mas é melhor ainda quando ELE esta Bem, Feliz e PROSPERANDO COMO VOCE!!!!!!!!! BEIJOS MIL, AMAMOS VOCE, VOCES!!!
Maga, Walter, Nic e Fê.

Anônimo disse...

Tem uma super nanny na familia! Que legal! Agora posso pensar em ter filhos! Rsrsr



Adorei a reportagem.



Bjos



Helga

Tatiane disse...

Muito bacana a entrevista, Débora, adorei! Parabéns!

Bjos!
Tatiane Cotrim

Fatima disse...

Ola Débora tudo bem por aí?



Acabei de ler a sua entrevista e achei muito interessante, se eu soubesse tudo isso quando tive minhas filhas talvez teria tido um outro tipo de comportamento.

Parabéns pelo seu trabalho.
Beijos
Fátima Mirian de Moraes Bohnen

Sonia disse...

Debora, bom dia!
Li e achei muito interessante seus esclarecimentos na entrevista!
Chego a conclusão que preciso saber mais da adolescência!
Na infância foi tudo muito tranquilo, mas agora o que fazer com as mudanças?
Pronto! Chegaram também as dúvidas... será que "plantei direito"... como me adaptar a está "nova pessoa", com perguntas e resposta de gente grande !?!?!
Espero mais entrevistas e artigos esclarecedores.
Parabéns!
Abraço,
Sônia

Anônimo disse...

Não a conheço pessoalmente , mas li a matéria e gostei muito. Parabéns pela iniciativa e por ser tão clara nesse assunto complexo que é a educação dos nossos filhos.
Um abraço
Luiza Mendes - SP

Vanderlita disse...

Olá Debora,

Como fico feliz em saber que a Ana Letícia está em uma escola que tem uma pessoa tão especial como você.
Suce$$o

bjs

Anônimo disse...

boa tarde sofri abuso sexual quando eu era criança mas nunca tive coragem de contar para minha mae ou qualquer outra pessoa sentia e sinto muita vergonha de falar sobre isso hoje tenho 27 anos e um filho de 5 anos tenho pavor de pensar que alguem possa fazer isso com meu filho ele anda com algumas atitudes que achei meio estranha tipo de querer beijar na minha boca, de ficar pegando no penis dele ele fez o mesmo movimento com o corpo de pessoas praticando sexo. será que ele viu isso na televisao? estou a ponto de procurar um piscicologo pra me ajudar com meu trauma e essas duvidas para identificar se alguem está fazendo mau ao meu bebe. me ajude por favor.