quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Afeto



Começo este artigo citando uma frase de Rubens Alves que descreve a diferença do afeto na carreira do professor / educador: “Professores, há aos milhares. Mas professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão; é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança.”
Quando éramos alunos nos identificávamos com alguns professores, de alguns gostávamos mais, de outros nem tanto e conseqüentemente nosso rendimento escolar também seguia a mesma linha. Conseguíamos boas notas nas matérias com as quais tínhamos um relacionamento afetivo com o professor.
Hoje em dia, apesar dos avanços tecnológicos, da figura passiva do professor dentro da sala de aula em comparação a vida globalizada que o aluno tem acesso, a afetividade deve ocupar um espaço importante. Estratégias diferenciadas dentro de sala de aula ajudam muito a prender a atenção do aluno, diversificando a aula e mantendo a turma “ligada” na proposta pedagógica. Porém se não houver a afetividade em cada atividade, o objetivo não é atendido.
Quando me refiro à afetividade, não quero dizer que o educador bonzinho, permissivo, legal e amigo é o melhor, longe disto. A relação de afetividade que o educador deve manter com seus alunos permeia o respeito mutuo, o diálogo, a troca de experiências, a capacidade de perceber a individualidade de cada aluno e a competência pedagógica. Esses fatores transformam o profissional da educação em um educador que além de conseguir seus objetivos pedagógicos, forma amigos ao longo do ano letivo e fortalece esse relacionamento e a experiência que isso lhe proporciona. Estudos têm demonstrado a importância do afeto como mecanismo para aquisição do saber. Comprovadamente, ele ajuda a nossa cognição, sendo em grande parte responsável pelo sucesso do aluno na escola.
Mas você pode me perguntar: Como conseguir isso em uma classe totalmente heterogênea, com alunos em idades e momentos sociais diferentes, sem interesse nenhum em estar na sala de aula? Eu arriscaria dizer... Dê o primeiro passo. Comece algo novo dentro desta turma. Ninguém rejeita atenção. Alunos têm por si só uma carência intrínseca em aprender, em ser diferente, em ter sucesso, seja ele por quais meios e nós educadores temos essa capacidade de supri-los, alguns o fazem por meio de autoritarismo, obrigatoriedade. Porque não tentar de outra forma, com afetividade, com “olho no olho”, com dedicação e amor. Não é tarefa simples, mas ser educador não é fácil. E se escolhemos este caminho, é porque sabemos que encontraremos flores e pedras. Temos a habilidade de transformar as pedras em flores, cabe a nós darmos o primeiro passo. Através de uma aproximação afável, utilizando a mesma linguagem que nossos alunos usam e despertando o interesse pelo que é proposto, a aula será prazerosa para ambos.
Temos que ter sim, uma preocupação com a homogeneização da turma, mas lembrando sempre do respeito que devemos a cada aluno como ser único.
Uma relação social saudável se faz de momentos únicos. Educador faça valer este título. Motive-se a começar um projeto de afetividade dentro da sala de aula. Você tem essa competência. O resultado certamente será positivo, alunos interessados, relacionamento tranqüilo, objetivos alcançados. Mas repito isso não se dá do dia para a noite, exige paciência, perseverança, reciprocidade e muita força de vontade.
Vale a pena tentar! Boa sorte.

Débora Corigliano
Psicopedagoga

Referencia Bibliográfica:
Livro: Afeto e aprendizagem
Autor: Eugênio Cunha
Editora: Wak

2 comentários:

Anônimo disse...

Querida Amiga, boa noite!

Gostei muito do seu artigo e gostaria de fazer uma pergunta:

Como fica o educador quando o governo vai pagar um premio se os objetivos forem atingidos?

Será que este educador estará mais preocupado com o premio do que com os alunos?

Este relacionamento que você comenta ainda existirá?

Um Amigo.

Debora Corigliano - PSICOPEDAGOGA disse...

Querido amigo,
Como em todas as profissões, existem profissionais idealistas e outros mercenários. Na educação não seria diferente.
Eu, como professora, faria por merecer 2 prêmios. Um que seria dado pelo governo e o outro por conseguir conquistar a amizade dos meus alunos.
Escreva sempre!
Debora